Como fazer composto orgânico em casa.
Texto e fotos da Eng.Agr.Miriam Stumpf.
Nossos antepassados cultivavam a lavoura e faziam jardinagem utilizando os elementos de colheita que não serviam, como palha e folhas, enterrando para servir de adubo.
Com o uso de fertilizantes químicos muito deste uso parecia obsoleto mas tem sido resgatado com este novo conceito de agricultura orgânica que se espalhou pelo mundo.
O que nossos avós faziam e que agora tentamos repetir é a confecção de composto orgânico para uso no solo para reposição de nutrientes e um melhor desenvolvimento das plantas.
O que denominamos composto é uma mistura de resíduos oriundos de diversas fontes, aparentemente sem uso ou valor que pode ser reunido para a formação de um adubo.
A compostagem pode ser feita de resíduos vegetais de lavoura, aparas de grama e restos de vegetais oriundos da cozinha, esterco de animais vegetarianos, bem como de muitos outros materiais.
Os materiais que tem os mais diversos tamanhos, formas e composição são misturados e colocados para decompor e passam por processos bioquímicos.
Estes processos são realizados por microorganismos que utilizam este material como fonte de energia, absorvendo os ingredientes minerais e carbono.
Ocorre a degradação deste material em presença de oxigênio e o produto é gás carbônico, água, calor e matéria orgânica utilizável pelas plantas. Nesta atividade microbiana o material aumenta a temperatura, ficando entre 50 e 70ºC.
O processo, conforme o manejo destes resíduos, leva em torno de 90 dias até 1 ano. Quanto mais revolvido for o material mais ar entrará na pilha e se a umidade estiver correta mais rápido será o processo. Também em climas quentes e no verão o tempo diminui pela maior atividade microbiana.
A nível de propriedade rural é feita em grandes leiras, em geral revolvidas com trator.
Mas para quem deseja fazer em seu quintal, uma caixa de 1,0 x 1,0 x 1,0 metros sem fundo, direto no solo é mais do que suficiente.
Quem não tem muito espaço pode adquirir uma lata de lixo plástica grande e retirar boa porção do fundo para escoamento da água.
Para cobrir, use uma lona ou chapa de papelão.
Passo a passo do preparo da compostagem:
Colocar os resíduos, alternando os vegetais com excrementos de animais herbívoros como gado, cabra e aves.
Usa-se restos de cascas de cozinha bem picados, aparas de grama, pó de café e folhas de chá, erva mate, o papel de filtro do café, guardanapos de papel usados, cascas de ovos bem trituradas, papel branco bem picado, papelão de caixa de ovos bem desmanchada, correspondência descartável de papel branco.
Cinzas de lareira ou fogão, também podem ser colocadas mas em pequena quantidade.
Quem tem tanque ou açude com plantas aquáticas, poderá aproveitar o excesso, pois estas dão excelente contribuição de nutrientes.
Cascas, folhas verdes de hortaliças, frutas, aparas de poda e estercos são considerados materiais verdes e são ricos em nitrogênio e carbono.
Já os materiais do tipo papelão de embalagem de ovos ou de tubos de papel toalha ou higiênico rasgados, papéis brancos, ramos de poda e pó de serra são chamados de materiais marrons, têm mais lenta decomposição, mas contêm muito carbono.
A proporção recomendada pela Embrapa é de uma relação de 75% de restos vegetais dos dois tipos para 25% de esterco animal.
Com tábuas e sarrafos pode construir uma no seu quintal. Um dos lados fica aberto e pode ir adicionando tábuas à medida que a pilha crescer. Facilita o revolvimento e a retirada depois do composto. Não pode ter fundo, a pilha fica em contato com o solo. Se quiser ajudar na percolação das chuvas e da água do composto, faça uma cama de areia de construção embaixo, antes de começar a colocar os materiais para compostagem.
Quando colocamos materiais de pedaços muito grandes, a aeração da pilha será maior, com mais oxigênio, mas também levará mais tempo.
Pedaços menores decompõem mais rápido. A mistura de tamanhos será então mais benéfica.
A cada camada colocada, adicionar areia ou terra em camada fina, para evitar a proliferação de moscas.
Umedecer a mistura sem encharcar, para que os microorganismos comecem a trabalhar. Cobrir sempre é bom, evita molhar demais com chuva e também a não dissipar odores. O teor de umidade deverá ficar entre 40 e 60%, isto é, levemente molhado.